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Medicinas Sem Lei

Recuperei uma notícia publicada pelo DN, na data de Abril de 2007. Já lá vão 3 anos e vejam as diferenças... Está tudo na mesma...

Medicinas sem lei
"Não há lei que as regule, mas nem por isso há menos procura ou menos oferta. Reiki ou acupunctura; aromaterapia ou osteopatia, as boas práticas das medicinas complementares confundem-se com os charlatões." Marta Caires


"Maria não é pessoa de descrer da ciência ou do saber dos médicos. Apesar da asma da filha ter sido tratada por um pranoterapeuta (uma espécie de acupunctura com as mãos), esta professora do ensino secundário nunca deixou de ir às consultas de pediatria ou de recorrer à medicina convencional.
'A minha filha foi normal até aos quatro anos'. Aos quatro começaram os ataques de falta de ar sempre que havia pó ou quando comia certos alimentos. Perante este quadro, Maria levou a menina ao médico. 'Durante seis meses deram-lhe Zyrtek (um antiestamínico), mas não havia melhoras. Foi então que o pediatra aconselhou uma consulta ao especialista'.
Os métodos do especialista surpreenderam a mãe da criança. De um momento a outro, todos os brinquedos de peluche foram retirados, os cobertores passaram a ser lavados semanalmente, as almofadas e o colchão tinham que ser postos ao sol. Até o ar era purificado dos ácaros. 'Só que isto não era vida. Eu bem podia criar um ambiente esterilizado para a minha filha dentro de casa, mas não podia controlar o pólen, nem a poluição, nem podia obrigar as crianças amigas a não ter peluches'.
A menina já andava com a famosa bomba de asmático quando Maria soube por uma pessoa amiga da existência do pranoterapeuta. 'Esta minha amiga conseguiu reduzir o tamanho dos quistos que tinha nos ovários com os tratamentos deste senhor, tanto que nem precisou de ser operada como o médico previra'. Porque experimentar não custa, levou a filha ao pranoterapeuta que, com as mãos, fez-lhe o diagnóstico.
'O senhor foi muito claro comigo, disse que a asma não passava de um momento a outro'. Maria comprovou que não faltava à verdade, os ataques melhoraram aos poucos e, em dois anos, deixaram de acontecer. 'Eu nunca deixei de ir ao pediatra, nem às consultas regulamentares. E sempre entendi estes tratamentos no pranoterapeuta como um complemento'.
Com elementos naturais (com recurso a zinco e magnésio), a asma deu lugar a uma rinite alérgica.. Apesar dos bons resultados, Maria sabe fazer a diferença e não mete no mesmo saco todos os que promovem os produtos naturais, as aromaterapias e as massagens. 'Este senhor é competente, tem resultados, cursos e diplomas afixados na parede e, na altura, tinha uma filha a estudar medicina'.
Sem uma lei que os regulamente, em Portugal, os técnicos das medicinas complementares vivem apenas das boas referências, num limbo entre os bruxos e os 'endireitas' mesmo quando têm cursos universitários e práticas científicas reconhecidas nos Estados Unidos, no Reino Unido e em França. Por cá, confunde-se os conhecimentos da medicina tradicional com o saber duvidoso das massagens reiki e do trabalho com as energias vitais, do poder das pedras.
É por isso que Claúdio Camacho, osteopata diplomado em pela Oxford Brookes University, faz questão de dizer que a sua prática não inclui rezas, nem óleos, nem velas ou cheiros. Antigo membro do departamento médico do Benfica, agora dá consultas na Bioforma, na Rua da Queimada de Cima, e não lhe falta pacientes. Por dia, contas por alto, atende 8 a 9 pessoas. Atletas com problemas de esforços repetitivos, velhinhos com a coluna desgastada pela idade, gente mais nova com dores nas costas por passar o dia sentada.
Se tivesse continuado no Reino Unido, teria trabalho num hospital já que o sistema de saúde britânico tem osteopatas para tratar das doenças crónicas ao nível do esqueleto e dos músculos. Em Portugal, a classe defende-se na Federação Portuguesa, procura esclarecer as diferenças entre os sérios e os aldrabões.
'Eu digo sempre às pessoas para trazer as radiografias que tenham feito'. As ecografias e as radiografias ajudam Claúdio Camacho nas sessões de massagens e na terapêutica a aplicar a cada pessoa. 'Nós ajudamos a melhorar os sintomas, a atenuar as dores e a dar qualidade de vida, mas milagres não fazemos'.
As consultas variam entre os 50 e os 35 anos, o osteopata passa recibo e tem um seguro de responsabilidade civil. 'É um trabalho sério e só é pena que em Portugal exista este preconceito, que marginaliza as medicinas complementares e deixa o campo aberto para todos os aldrabões'.
É também contra o vazio legal que o representante da Ordem dos Médicos se insurge. 'Se Portugal fosse um país decente, com regras e disposto a enfrentar o século XXI, esse osteopata não estava a dar consultas numa loja de chás e ervas, mas numa unidade de saúde, com os tratamentos comparticipados ou até convencionados'.
Se fosse porque, na opinião de França Gomes, não é. Mantém a lei do acto médico na gaveta e cria, com isso, o clima propício aos aldrabões. 'Jorge Sampaio cedeu às pressões. Esta questão em relação às medicinas complementares só se resolve quando ficar definido na lei o que é o acto médico, o que é competência dos médicos e o que é dos outros técnicos de saúde, a que formação cada um está obrigado, a que associação pertencem'.
O representante da Ordem dos Médicos na Madeira até se diz um defensor de algumas práticas das medicinas complementares e refere o exemplo de uma médica da Guarda que usa a acupunctura como anestesia. 'É bom lembrar que se trata de uma médica. Fez seis anos de Medicina, mais quatro de especialidade em anestesia e, se alguma coisa falhar, é capaz de resolver a questão com os métodos da medicina convencional'.
Como França Gomes, o presidente do conselho de administração do Serviço Regional de Saúde reconhece valor científico à acupunctura e aos massagistas, admite que há, em Portugal, algumas lacunas legislativas a propósito da medicina complementar. Só não sabe se a lei garante protecção aos que recorrem aos serviços destas pessoas. 'A bruxaria não tem regras e não faltam clientes aos que anunciam curas e milagres'.
Filomeno Paulo reconhece que não será o mesmo um homeopata e um bruxo que cura do olhado, amarra e desamarra, trata de magia negra e branca. Por enquanto, a Organização Mundial de Saúde apenas reconheceu valor científico à acupunctura, a alguma medicina tradicional chinesa e poder de tratamento a algumas ervas usadas em países africanos. Quanto ao resto, pede mais tempo e investigação, mais provas.
E, por isso, perante as histórias como a da asma curada à filha de Maria, o responsável do Serviço Regional de Saúde tem outra leitura. 'A verdade é que essas pessoas das medicinas complementares têm mais disponibilidade, ouvem, compreendem, é um atendimento mais humanizado. Fazem o papel que era dos médicos e dos padres'.
Os médicos não têm tempo, os padres também não e, nos hospitais, até o pessoal de enfermagem está menos disponível. 'E está provado que a esperança na cura faz muito por quem está doente. É meia cura'."

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