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Quiroprática



Nas duas últimas décadas, a profissão Quiroprática assistiu a um crescimento dinâmico internacional, sobretudo graças ao reconhecimento dos seus padrões educacionais e de pesquisa; e também graças ao papel que tem desempenhado na redução dos gastos com a saúde.
A Quiroprática recorre a uma metodologia única, visando a recuperação da actividade e da capacidade de resposta do sistema nervoso, através da restauração do tónus neurológico. Sendo frequente analisar os resultados, primariamente, no funcionamento da coluna e das articulações, a Quiroprática tornou-se o verdadeiro líder no tratamento, sem medicamentos, de síndromas de dor relacionados com a coluna. Todavia, a sua aplicação tem um impacto na saúde que vai muito para além da mera redução da dor.
A profissão Quiroprática reconhece a supremacia do sistema nervoso em todos os aspectos da saúde, na nossa actividade e no nosso bem-estar. A Quiroprática trata, de modo muito particular, a relação existente entre o sistema nervoso e a coluna, e no seu melhoramento. Os Quiropráticos, enquanto elementos das equipas de saúde, recorrem a formas de tratamento que podem beneficiar um bom número de pessoas e solucionar problemas.
Como profissional de cuidados de saúde primários, o Quiroprático pode avaliar a necessidade e reacção de um indivíduo ao submeter-se a um tratamento Quiroprático, considerando devidamente os possíveis benefícios para a saúde disponíveis através de um tratamento Quiroprático e, se necessário, associando-os com outra especialidade médica apropriada.
De acordo com vários estudos governamentais internacionais, o recurso aos cuidados quiropráticos nas instituições de saúde tem provado reduzir significativamente os custos, tanto para os pacientes como para os vários custeadores implicados.
Com o constante aumento dos custos de saúde, a Quiroprática pode mesmo ser uma das reformas de saúde mais benéficas ao alcance daqueles que tomam decisões no âmbito da saúde em Portugal.




A HISTÓRIA DA QUIROPRÁTICA
A manipulação do corpo humano é tão antiga quanto a própria história da humanidade. Gravuras rupestres em grutas do sul da França, remontando a 17.500 a.C., mostram a utilização de manipulações rudimentares.
Viajantes e mercadores registraram o uso de terapias manipulativas na China em 2.700 a.C. Desenhos atestam o uso de manipulações terapêuticas pelos povos ameríndios: Astecas, Toltecas, Maias, Oltecas e Incas.
Existem, ainda, relatos de seu uso nas medicinas tibetana, chinesa, nepalense, grega, árabe, egípcia, etc.
 Hipócrates (460-340 a.C.), o pai da medicina, dizia que a cura é um processo de dentro para fora, que existe um poder dentro de nós, um princípio vital, que desencadeia um processo natural de cura. Ele pressentiu a importância da coluna vertebral, pois dizia que muitas doenças eram causadas por seu estado defeituoso: “A arte da terapia vertebral é antiga... Tenho em grande estima aqueles que a descobriram bem como os que me sucederão de geração e cujos trabalhos contribuirão para a arte natural de curar”.
A terapia de Hipócrates foi praticada por 5 séculos. Apolonius de Kitium, médico em Alexandria no séc. I a.C. relata no comentário ilustrado “Das Articulações”, a importância da coluna, para uma boa saúde. O físico grego Claudius Gálen, 160 anos d.C., mais tarde cognominado o pai da fisiologia experimental, dizia: “Veja o sistema nervoso como a chave da boa saúde”.
Galén tinha um discípulo, Eudemus, que sofria de paralisia num braço e mão, e foi curado pelo mestre, com uma manipulação cervical. Os Ciganos europeus, 1.100 d.C., curavam dores nas costas, andando sobre a região dolorida.
Com a dissolução do Império Romano, e a alteração dessa cultura, a Terapêutica Vertebral caiu no esquecimento, sendo lembrada apenas vez por outra, como num artigo publicado por Sir James Paget no British Medical Journal, em 1867, intitulado “Casos em que o ajuste ósseo pode curar.”

FUNDAMENTOS DA QUIROPRÁTICA
Os procedimentos normais para se cuidar da saúde, até o século passado, eram as sangrias, ventosas, extrações de corpos estranhos, suturas, cirurgias, amputações, imobilizações de fracturas, além da coleta de ervas e outros elementos que transformavam em elixires e poções para todas as doenças da época.
Esses conhecimentos eram baseados em três movimentos científicos, até o período da Renascença:
  1. Retroquimismo – o estudo do conjunto de combinações químicas de um organismo;
  2. Retromecanismo – O estudo das estruturas conforme as leis da mecânica;
  3. Vitalismo – teoria filosófica-biológica em que os seres vivos possuem uma força particular (força vital) que dá origem aos fenômenos vitais.
Da união do retroquimismo e o vitalismo surgiu no século XVIII, a HOMEOPATIA – doutrina terapêutica baseada na idéia de que os sintomas das doenças devem ser combatidos com os medicamentos capazes de provocar os mesmos sintomas numa pessoa sadia. Criada por Samuel Hannesmann, obedece a dois princípios:
  1. O da Semelhança: os medicamentos exercem sobre o organismo uma acção dinâmica, igual à força vital.
  2. O da Dinamização: doses muito pequenas, para não agravar os sintomas que se quer combater.
    Com a evolução do pensamento humano e a sutilização do conhecimento científico, o Retromecanismo foi se modificando, surgindo a partir dele a Clínica Médica, a Físico-química e a Histologia.
    Da interação dessas ciências surgiu, na década de 40, a ALOPATIA, que é o antónimo da HOMEOPATIA.
Com o passar dos séculos e com a evolução do homem, deu-se origem a outras ciências: a Teologia, a Anatomia, a Cirurgia, a Mecânica, a Estática, a Dinâmica e a Eléctrica. No século passado, nos Estados Unidos, duas pessoas e os acontecimentos que as envolveram, trouxeram de volta o tão antigo uso das manipulações. Foram elas:

ANDREW TAYLOR STILL (1828-1917)
Radicado no Kansas, foi instruído em medicina por seu próprio pai, o reverendo Abram Still, da igreja Metodista. Naquele tempo, devido à falta de escolas de medicina, era comum o aprendizado através de instrutores. Respeitado como grande conhecedor das estruturas do corpo humano, chegou a ser profissionalmente cirurgião do exército, ocupando o posto de capitão durante a guerra da secessão. Em 1864, uma epidemia de meningite dizimou sua família. Desiludido com a impotência diante da tragédia começou a usar exclusivamente técnicas de manipulação, relacionando estrutura e função, pois compreendeu que só através deste relacionamento poderia entender e curar as disfunções do corpo, isto é, a doença. A essa nova técnica chamou de OSTEOPATIA e obteve excelentes resultados, porém, devido ao preconceito da classe médica, não teve muitos seguidores.

DANIEL DAVID PALMER (1845-1913)
Nasceu em Port Perry, Ontário, Canadá, em 7 de março. O seu pai, americano, tinha uma mercearia e como os negócios iam mal, retornou aos Estados Unidos. Daniel, então com 11 anos e o irmão mais novo com 9, ficaram para trás, trabalhando numa fábrica de fósforos. Em 1865, Daniel e seu irmão, foram encontrar a família radicada no Iowa. Já nos Estados Unidos, aprendeu apicultura e trabalhou em uma mercearia, enquanto aprimorava sua educação. Era autodidata, como a maioria na sua época e interessava-se pela cura magnética que conheceu através de Paul Caster – “Um campo magnético circunda todos os corpos, e as doenças menos importantes podem ser curadas interferindo-se nesse campo.” Portanto, Daniel começou a trabalhar na cura com as mãos. Os resultados foram excelentes e ele compreendeu que para curar não necessitava de drogas. Dentro dessa filosofia, dirigiu uma enfermaria com 14 quartos e os resultados continuaram sendo bons, o que o levou a entender que estava no caminho certo e que esse conceito poderia mudar a imagem da medicina.

A SURDEZ DO PORTEIRO
Um dia, em 1878, trabalhando numa posição forçada, Harvey Lillard sentiu algo a estalar no seu pescoço. Dias mais tarde ficou surdo. No dia 18 de setembro de 1895, o Sr. Lillard contou a história ao Dr. Daniel David Palmer, que praticava em Davenport, Iowa, USA, trabalhando no mesmo edifício onde o Sr. Lillard era porteiro.
Dr. Palmer examinou sua coluna vertebral e encontrou um pequeno “alto” no lugar onde ele havia ouvido o estalido. Percebendo que essa saliência era provocada por uma vértebra fora do alinhamento natural, convenceu o Sr. Lillard a deixá-lo colocar essa vértebra em sua posição correta. Ele empurrou essa saliência, ouviu-se um estalido, e, em seguida, o “alto” desapareceu. Alguns dias depois, o Sr. Lillard recuperou a audição e a QUIROPÁTICA nasceu desse acontecimento.
Quando o porteiro recuperou a audição, Dr. Palmer pensou ter encontrado a cura para a surdez. A notícia do “milagre” se espalhou rapidamente, causando grande alvoroço e trazendo uma infinidade de doentes ao seu consultório. Ajustes após ajustes, iam acontecendo outros “milagres”, dando origem a inúmeras controvérsias. Porém o bom senso nos leva a supor que, em muitos casos em que se creditava a quiroprática curas mirabolantes, havia de facto, erro no diagnóstico inicial. O médico formulava um parecer de que o paciente tinha um problema cardíaco, por exemplo, quando na realidade a dor no peito era causada por um problema intercostal. Portanto, quando Dr. Palmer efectuava o ajuste intercostal, resolvia a dor “cardíaca”, porque na realidade ela era apenas o efeito, não a causa do sintoma.
Dr Palmer iniciou em seu consultório, a prática e ensinamento dessa nova técnica e em 1902 graduou a primeira turma de 15 quiropráticos. Seu trabalho foi tão importante e o número de praticantes aumentou tanto, que o uso dessa nova técnica se espalhou rapidamente pelos Estados Unidos e Canadá. Em 1906, com a ajuda de seu filho Barlet Joshua – mais conhecido como B.J.Palmer – fundou em Davenport, o PALMER COLLEGE OF CHIROPRACTIC, actualmente um dos maiores dos Estados Unidos.
No início, os estudantes graduados pelo Palmer College abriam seus consultórios sem a devida licença e, como resultado disso, tanto Dr. Daniel quanto seus alunos foram presos e multados sob a acusação de prática ilegal da medicina. Essa situação durou até que, em 1907, no estado de Wisconsin, o Dr. Shegataro Morubuko, foi preso e processado pelo mesmo motivo, sendo histórica a decisão do tribunal: para o juiz e os jurados, o Dr. Moribuko não estava praticando medicina, mas sim uma nova forma de tratamento de saúde, a QUIROPRÁTICA.
Seis anos depois (1913), a profissão foi regulamentada por lei no estado do Kansas e posteriormente, em outros estados americanos.
Hoje, nos Estados unidos, existem aproximadamente 55.000 Doctors of Chiropractic (Doutores em Quiroprática – DC), fazendo dessa profissão o segundo maior segmento profissional, entre as três principais artes de cura: Medicina, Quiroprática e Odontologia, sendo que é, de longe, a maior dentre as terapias naturais.
No passado, para se formar em quiroprática, era necessário ir a  uma das 18 universidades americanas. Hoje já existem escolas do mesmo padrão na África do sul, Austrália, Canadá, Coréia, Dinamarca, França, Inglaterra, Japão, México e Nova Zelândia, que ensinam a profissão a mais de 10.000 estudantes/ano.


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